Antes dos Beatles, Liverpool era apenas uma cinzenta cidade portuária ao noroeste da Inglaterra. Seu fluxo turístico era pouco significativo. Hoje, milhares de pessoas de todos os continentes visitam a terra natal de John, Paul, George e Ringo, ávidos em conhecerem os lugares eternizados por eles em suas canções.
O Rio de Janeiro passou a ser divulgado para
o Brasil e o mundo através da “Bossa Nova”. Copacabana, Ipanema, Leblon e o
Cristo Redentor se transformaram em destinos imperdíveis para os visitantes da
“Cidade Maravilhosa”, exaltada pelas vozes de Tom Jobim, João Gilberto e outros
nomes importantes daquele movimento musical.
A Amazônia, com sua imensa floresta e rica biodiversidade recebe poucos
turistas. A divulgação de sua exuberante beleza não vai muito além dos livros
de Geografia. Nossos costumes, tradições, linguagem e gastronomia tão
peculiares, quanto interessantes, não constam nos materiais didáticos manuseados
pelos estudantes em todo o planeta.
O
Estado do Amapá, por sua vez, possui 70% de áreas protegidas em seu território,
sendo considerado o mais bem preservado do país. Sua capital, Macapá, banhada
pelo rio Amazonas e cortada pela linha do Equador, abriga a Fortaleza de São
José, eleita em pesquisa nacional realizada pela revista Caras, uma das sete
maravilhas do Brasil. Tais atributos são potencialmente atrativos para a
prática do turismo, especialmente, a visitação, permitida em algumas unidades
de conservação (UC), com destaque para os Parques Nacionais, Montanhas do
Tumucumaque por sua dimensão e beleza, e Cabo Orange pela diversidade de
ecossistemas. Apesar de tudo isto, raros visitantes se aventuram pelos recantos
amapaenses.
As pessoas sentem-se motivadas a
conhecerem determinado lugar quando são sensibilizadas por alguma razão a
fazê-lo. A música é um maravilhoso veículo para a divulgação do Amapá para o
Brasil e o mundo. Nossas belas canções podem atrair muitos viajantes à procura
de novos destinos. Para exemplificar, em julho de 2011 toquei e cantei para um
grupo de pessoas em Santarém – Pará, a música de minha autoria denominada Canção pra Macapá (letra e link abaixo) e o efeito foi instantâneo: Muitos ali
declararam que eu acabara de lhes despertar o desejo de conhecer nossa cidade
querida.
A música popular amapaense é um fator de
identidade regional. Nosso estado é um grande “celeiro” de talentos musicais. Os
ritmos, como marabaixo e batuque são envolventes. Distinguem-se dos modismos efêmeros
impostos pela mídia. Traduzem o sentimento e o calor humano do caboclo amazônida,
simbolizando suas origens e modo de vida ímpar.
As
riquezas ambientais e musicais do Amapá podem interagir e se potencializar, atuando
em favor de um marketing indispensável
para a divulgação dos cenários turísticos do estado. Em junho de 2008 houve o
lançamento do CD Santuário: Unidades de
Conservação em Som, um projeto do Instituto Equinócio de Pesquisa e Turismo
- IEPTUR, viabilizado pelo apoio dos Ministérios Públicos Estadual e Federal. Uma
coletânea de músicas elaboradas por compositores locais, especificamente para
as principais UC do Estado, enaltecendo suas paisagens naturais e projetos
relevantes, a exemplo do Quelônios da
Amazônia - Q.AMA, desenvolvido com sucesso na Reserva Biológica do
Parazinho (arquipélago do Bailique/AP) o qual tive o prazer de exaltar no
referido CD através da canção intitulada Parazinho
(letra e link abaixo).
Iniciativas assim, demonstram que a união do
poder público com outros segmentos da sociedade em prol do fortalecimento do
turismo é fundamental e deve perpassar, necessariamente, pela valorização
efetiva da música regional.
Sem nenhuma pretensão de querer comparar a Avenida
FAB à Abbey Road (Londres), ou a praia de Fazendinha à Copacabana,
podemos sim, através de nossa música, atrair visitantes e potencializar o
turismo amapaense, cantando para o mundo nossas belezas naturais e o “jeito de
ser do povo daqui”.